Para ser uma espécie de Top Gun da Força Aérea Brasileira, o piloto fumaceiro leva uma vida dura. Ele treina até cansar na posição em que irá voar, condicionando seus reflexos sempre para as mesmas rotinas. Com tanto treinamento, até as manobras mais arriscadas se tornam corriqueiras e o coração nem dispara mais. E, quando está em terra, ele também é responsável por setores “operacionais”, como relações públicas, instrução, treinamento, administração, manutenção, etc...
O treinamento começa com o briefing, uma reunião onde os pilotos acertam o que será feito durante o voo. Não há improvisação, tudo é realizado exatamente conforme o planejado. Na volta há o debriefing, a hora da verdade. O líder analisa o que aconteceu no treino, comenta os erros e os acertos, e depois cada piloto critica seu próprio desempenho e o dos companheiros. A camaradagem é fundamental. O treinamento é diário. Nos momentos de folga, um joguinho de truco para passar o tempo.
Todo ano são abertas vagas na Esquadrilha da Fumaça. Ao se candidatar a uma delas, o piloto sabe das obrigações que assumirá ao entrar para o principal setor de relações públicas da FAB. Nos próximos três ou quatro anos, sua vida será ocupada por treinamentos intensivos, viagens constantes, saudades da família. Como recompensa, a satisfação das acrobacias perfeitas. O fumaceiro é um idealista, gosta do macacão azul.
O candidato deve ser formado há quatro anos e ter 1500 horas de voo, das 800 das quais como instrutor. Esses critérios procuram garantir a experiência e a maturidade do piloto, fundamentais ao voo acrobático. E, é claro, ser voluntário – nesse tipo de voo não convém que ninguém seja obrigado. Só então o candidato é submetido ao Conselho Operacional, do qual participam todos os oficiais do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA). É este conselho quem decide os nomes que substituirão os pilotos que completaram seu tempo voando na Esquadrilha da Fumaça.