O substituto do ELETRA II, o BOEING 737-300, com motor B2, passou a voar no trecho Rio-São Paulo em apenas 35 minutos, ou seja, a metade do tempo de seu antecessor. Além disso, esse mais novo ator da Ponte Aérea transportava quase o dobro de passageiros, o que significava maior rentabilidade para as companhias aéreas.
A Ponte Aérea Rio-Sao Paulo, caracteriza-se pelo transporte de passageiros executivos na sua maioria, e também por passageiros eventuais, que vão ao Rio para turismo, ou chegam em São Paulo a trabalho, ou para fazer compras. Como é um voo curto e a aeronave não pode decolar muito pesada, pois há um limitante de peso para decolagem e também para pouso, ou no Santos Dumont ou em Congonhas, a disponibilidade de carga para estes voos são bastante restritivas. Pode ocorrer o despacho de carga com um valor agregado bastante alto. Portanto, a Ponte Aérea não tem no transporte de carga um viés econômico.
Integrei a primeira turma que voou o B737-300 na Ponte Aérea Rio-São Paulo. Fiz esse trajeto desde o seu início, em novembro de 1991, até agosto de 1995, quando regressei para voos de rota mais longa. Voei com essa aeronave cerca de 1800 horas e realizei 1710 pousos. Não me canso de repetir que aquela foi a melhor época de minha vida como piloto comercial. Pilotos nessa rota passam por exaustivos treinamentos não só em simuladores de voo, mas também em treinamentos de pousos e decolagens em aviões sem passageiros, o que denota seriedade e responsabilidade na preparação para voos em aeroportos com a complexidade do Santos Dumont. A disciplina e a forte aderência aos procedimentos e normas de segurança de voo garantem o sucesso de decolagem e pouso.
O Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, tem igualmente características especiais de operação, principalmente porque sobrevoa o Bairro do Jabaquara para pouso na 35 L. Essa operação de pouso é ainda mais dificultada sob chuva ou em condições adversas de vento cruzado e pouca visibilidade. A outra cabeceira do lado oposto, a 17 R, exercia sobre mim um encanto especial, pois, na aproximação por Moema, eu gostava de ver as luzes do hipódromo da Cidade Jardim. Isso sempre me remetia aos primeiros anos de minha infância, quando meu pai me levava e a meus irmãos para assistir `as corridas de cavalo.